Segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT), aproximadamente 2,5 milhões de pessoas são traficadas todos os anos no mundo, vitimando principalmente mulheres, crianças e adolescentes, em especial os de baixa renda.
Motivo? Estima-se que essa prática movimenta R$ 32 bilhões/ano.
Bahia entra no combate ao tráfico de pessoas
E para combater esse crime hediondo, que representa o terceiro maior crime organizado transnacional em volume de recursos ilícitos, a Bahia inaugurou oficialmente, dia 24 de março, um Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP-BA). A unidade funcionava em caráter experimental desde dezembro do ano passado, e agora passa a funcionar regularmente, funcionando na Rua Freire Vicente, no Pelourinho, sob a coordenação de Márcia Leite.
A inauguração contou com a presença do secretário Nacional da Justiça, Paulo Abrãao, o secretário estadual da Justiça, Almiro Sena, e o comandante geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Nilton Mascarenhas, além da imprensa e convidados. Na ocasião, também foram lançados os livros ‘Fala Sério! Tráfico de Pessoas? Reflexões, Jogos e Histórias para a Atuação de Jovens e Educadores’ e o ‘Manual de Capacitação para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas’. Juntas, as duas publicações compõem o material informativo disponível no Núcleo, que também oferece cartinhas e folders.
A sociedade precisa tomar conhecimento e agir
Para o secretário Almiro Sena, “os crimes mais rentáveis são os tráficos de drogas, de armas e de pessoas. A alta rentabilidade dessa prática repulsiva faz com que muitos cidadãos, em todo o mundo, sejam vítimas desse delito. Infelizmente, a Bahia e o Brasil não são exceção. Com o Núcleo, a Bahia realiza uma ação concreta em combate a esse ilícito”.
Conforme Abrão, o tráfico de pessoas é uma das formas mais abomináveis de usurpação do ser humano, a exemplo do trabalho escravo e da exploração sexual. “O Núcleo trabalhará em parceria com os governos federal e estaduais, mas principalmente com a sociedade civil. A sociedade brasileira tem consciência da importância do enfrentamento ao tráfico de armas e drogas e, agora, precisa se conscientizar de que a questão humana deve estar em primeiro lugar. A temática será prioridade do governo da presidenta Dilma Rousseff e do Ministério da Justiça para os próximos anos”, afirmou o secretário.
Saiba com denunciar
“O tráfico de pessoas ainda é um assunto desconhecido por muitas pessoas. Por esta razão, os contatos também podem ser feitos pelos telefones do Disque Denúncia 100 (nacional), o numero (71) 3235-0000 e o e-mail nepp@sjcdh.ba.gov.br”, explicou Márcia.
A Bahia é o nono estado brasileiro que conta com um Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e agora tem condições de contribuir com mais eficiência com a rede nacional de combate a esse tipo de crime.
No local, familiares e vítimas do tráfico de pessoas recebem apoio de uma equipe especializada composta por advogado, psicólogo social, terapeuta organizacional e um estagiário de Direito. Além dos atendimentos no Pelourinho, os interessados podem receber orientação por telefone e por e-mail.
Quem não denuncia, também violenta
Durante a inauguração, o Grupo Realidade, do bairro Arenoso, em Salvador, fez uma apresentação de teatro e dança chamado ‘Tráfico Humano’. Os oito jovens, de 12 a 15 anos, fazem parte de um projeto de arte-educação apoiado pelo Centro de Referência Integral deAdolescentes (Cria).
Yuri Santos, 13 anos, deu o seu recado. “Se alguém me oferecer uma viagem para Nova Iorque para ser cantor é bom desconfiar porque as coisas nem sempre acontecem assim tão rápido. Em primeiro lugar, não devemos entregar nossos documentos para ninguém. Também é preciso comunicar tudo aos nossos familiares. Outra coisa importante é prestar a queixa. Quem não denuncia também violenta”.