segunda-feira, 4 de abril de 2011

Bahia entra no combate ao tráfico de pessoas. No mundo, mais de 2,5 milhões de pessoas são traficadas todos os anos. Saiba mais!

Parece coisa de filme de ficção, mas, infelizmente, o tráfico de pessoas é uma triste realidade.

Segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT), aproximadamente 2,5 milhões de pessoas são traficadas todos os anos no mundo, vitimando principalmente mulheres, crianças e adolescentes, em especial os de baixa renda.

Motivo? Estima-se que essa prática movimenta R$ 32 bilhões/ano.




Bahia entra no combate ao tráfico de pessoas

E para combater esse crime hediondo, que representa o terceiro maior crime organizado transnacional em volume de recursos ilícitos, a Bahia inaugurou oficialmente, dia 24 de março, um Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP-BA). A unidade funcionava em caráter experimental desde dezembro do ano passado, e agora passa a funcionar regularmente, funcionando na Rua Freire Vicente, no Pelourinho, sob a coordenação de Márcia Leite.

A inauguração contou com a presença do secretário Nacional da Justiça, Paulo Abrãao, o secretário estadual da Justiça, Almiro Sena, e o comandante geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Nilton Mascarenhas, além da imprensa e convidados. Na ocasião, também foram lançados os livros ‘Fala Sério! Tráfico de Pessoas? Reflexões, Jogos e Histórias para a Atuação de Jovens e Educadores’ e o ‘Manual de Capacitação para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas’. Juntas, as duas publicações compõem o material informativo disponível no Núcleo, que também oferece cartinhas e folders.

A sociedade precisa tomar conhecimento e agir

Para o secretário Almiro Sena, “os crimes mais rentáveis são os tráficos de drogas, de armas e de pessoas. A alta rentabilidade dessa prática repulsiva faz com que muitos cidadãos, em todo o mundo, sejam vítimas desse delito. Infelizmente, a Bahia e o Brasil não são exceção. Com o Núcleo, a Bahia realiza uma ação concreta em combate a esse ilícito”.

Conforme Abrão, o tráfico de pessoas é uma das formas mais abomináveis de usurpação do ser humano, a exemplo do trabalho escravo e da exploração sexual. “O Núcleo trabalhará em parceria com os governos federal e estaduais, mas principalmente com a sociedade civil. A sociedade brasileira tem consciência da importância do enfrentamento ao tráfico de armas e drogas e, agora, precisa se conscientizar de que a questão humana deve estar em primeiro lugar. A temática será prioridade do governo da presidenta Dilma Rousseff e do Ministério da Justiça para os próximos anos”, afirmou o secretário.

Saiba com denunciar

“O tráfico de pessoas ainda é um assunto desconhecido por muitas pessoas. Por esta razão, os contatos também podem ser feitos pelos telefones do Disque Denúncia 100 (nacional), o numero (71) 3235-0000 e o e-mail nepp@sjcdh.ba.gov.br”, explicou Márcia.

A Bahia é o nono estado brasileiro que conta com um Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e agora tem condições de contribuir com mais eficiência com a rede nacional de combate a esse tipo de crime.

No local, familiares e vítimas do tráfico de pessoas recebem apoio de uma equipe especializada composta por advogado, psicólogo social, terapeuta organizacional e um estagiário de Direito. Além dos atendimentos no Pelourinho, os interessados podem receber orientação por telefone e por e-mail.

Quem não denuncia, também violenta 

Durante a inauguração, o Grupo Realidade, do bairro Arenoso, em Salvador, fez uma apresentação de teatro e dança chamado ‘Tráfico Humano’. Os oito jovens, de 12 a 15 anos, fazem parte de um projeto de arte-educação apoiado pelo Centro de Referência Integral deAdolescentes (Cria).

Yuri Santos, 13 anos, deu o seu recado. “Se alguém me oferecer uma viagem para Nova Iorque para ser cantor é bom desconfiar porque as coisas nem sempre acontecem assim tão rápido. Em primeiro lugar, não devemos entregar nossos documentos para ninguém. Também é preciso comunicar tudo aos nossos familiares. Outra coisa importante é prestar a queixa. Quem não denuncia também violenta”.